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CÍRCULO DE GIZ               REVISTA MULTIDISCIPLINAR DE ARTES E HUMANIDADES              ISSN 2696-9020 / 2446-757X  (IMPRESSA)

SUMÁRIO

(acesse o texto clicando no título)

Editorial

Teoria & Crítica

Ser poeta é dispor de uma voz

Diogo C. Nunes

Resumo: O artigo interroga a afirmativa de Eduardo Portella, ao prefaciar livro de Moacyr Félix, de que “ser poeta é dispor de uma voz”, buscando confrontar o problema da voz na sua relação com o sujeito da fala. Ao lançar a hipótese de que o poeta seja “lugar” para a fala, pretende acionar a dimensão política da voz em relação ao que não cabe em um dizer, ou que resiste a ele: a mudez, o silêncio, a infância. Percorrendo, ainda que introdutoriamente, o pensamento de Giorgio Agamben a respeito das relações entre voz, vocação e disposição, bem como entre o próprio, o impróprio e o comum, e acionando fragmentos poéticos de Moacyr Félix, o artigo encaminha a discussão sobre a política da voz na direção de afirmar que o dizer poético seja aquele que, em relação ao pathos (ou à desmedida) da linguagem, corresponde à condição existencial do humano como sendo a do abandono (na linguagem), ou da angústia.

Palavras-Chave: Voz; Vocação; Poesia; Moacyr Félix; Infância; Giorgio Agamben.

O mercado e o percurso da sedução: uma apresentação da prosa ficcional de Hilda Hilst

Carlos Eduardo dos Santos Zago

Resumo: Ao traçar um percurso que se estende de 1970 a meados de 1990, este ensaio pretende apresentar panoramicamente a produção em prosa ficcional de Hilda Hilst. Para isso, toma como ponto de partida os cerceamentos contextuais que se impõem como obstáculos entre obra e público. Se nos anos iniciais de tal produção havia a censura militar, nas décadas seguintes nota-se o fortalecimento das artimanhas da indústria cultural no Brasil, evento que dificultou o aparecimento de vozes singulares. O resultado é a marginalização do intelectual e de seus bens simbólicos, contra a qual Hilda Hilst reage com sua literatura irônica e alegórica.

Palavras-Chave: Hilda Hilst; Indústria Cultural; Literatura e Sociedade; Ironia; Alegoria.

Sobre a arte de grifar livros e criar rastros

Leopoldo Guilherme Pio

Resumo: O presente ensaio busca refletir a respeito do ato de grifar livros, explorando as possibilidades filosóficas e criativas do gesto a partir das reflexões de Walter Benjamin, Antoine Compagnon e Michel de Certeau.

Palavras-Chave: Livro; rastro; aura; escrita.

A relação hostil entre sujeito e cidade na obra de Oswaldo Goeldi

Juliana Cunha

Resumo: O presente artigo tem como objetivo discutir a relação de atrito entre o sujeito e a cidade do Rio de Janeiro na obra de Oswaldo Goeldi. Para isso, experimentamos uma aproximação da interpretação ácida da cidade moderna apresentada por Georg Simmel. Tal caminho busca ressaltar a subjetividade que transborda nas xilogravuras do artista, sendo ela capaz de tanger o fantástico ao conferir grande simbolismo a elementos comuns, cotidianos e absurdos da vida urbana.

Palavras-Chave: Sujeito; Cidade; Atrito.

Crítica de arte, mon amour

Ana Elisa Lidizia

Resumo: Este artigo pretende desenvolver uma primeira tentativa de articulação da crítica de arte como prótese de linguagem. A partir das noções de fragmento de Schlegel e prótese de Preciado é construída uma crítica (prótese) para o trabalho Meu corpo Inês (2005) de Karin Lambrecht.

Palavras-Chave: crítica de arte; fragmento; prótese.

DA JANELA: Itatiaia, Mira e o Oriente

Alice de Palma

Resumo: O presente texto procura abordar, a partir da experiência de uma vista de janela, questões sobre o gênero pictórico de paisagens (e a noção de horizonte que o acompanha) no Ocidente e no Oriente para, depois, tecer alguns comentários sobre a obra Sem Título (da série Paisagem Noturna do Itatiaia), 1978, da artista Mira Schendel (1919-1988).

Palavras-Chave: janela; paisagem; Itatiaia; Oriente; Mira Schendel.

Ernesto Deira: figurações outras da memória do trauma

Adalgiso Pereira de Souza Junior

Resumo: Falar de Ernesto Deira é, necessariamente, tratar de uma arte que encaminha, politicamente, questões de memória francamente relacionadas ao conturbado contexto do continente latino-americano e mundial nos anos sessenta e setenta. A Otra Figuración foi uma iniciativa fundamental de um grupo formado por Deira junto a Macció, De La Vega e Noé. E que ajudou a pavimentar, através da retomada da figura, algumas bases de certa atitude vanguardista nas artes locais. Procuraremos analisar, nas séries "Campos de Concentración" de 1961 e "Identificaciones" de 1970, certas particularidades que conectam uma arte argentina ao contexto mais amplo ou específico das lutas políticas na América do Sul do período.

Palavras-chave: Ernesto Deira; Otra Figuración, arte argentina, arte e memória.

Ciência e poesia na Doutrina das cores de Goethe

Marcelo Fonseca

Resumo: O presente escrito consiste numa reflexão sobre os pontos de aproximação e de contradição entre ciência e poesia (que mantém no horizonte o sentido mais amplo da arte em geral) a partir da leitura da Doutrina das cores, de Goethe.

Palavras-Chave: Ciência; Poesia; Goete.

Arte & Linguagens

Habitar é deixar rastros

Clara Machado

RESUMO: O presente texto resulta de um processo artístico de cinco meses de imersão em uma casa vazia, ao fim dos quais gerou-se uma instalação site-specific no espaço. Através de fragmentos textuais é traçada uma relação entre a casa, o corpo e o feminino e suas respectivas ruínas.

Palavras-Chave: Corpo, Casa, Feminino, Ruína.

A fabulação na imagem fotopoética

Rosane Barata

RESUMO: O presente artigo propõe-se discutir a linguagem fotográfica a partir da teoria sobre poética de Gaston Bachelard. Tal discussão concentra-se nos conceitos-chaves elaborados em A poética do espaço (BACHELARD. 1999) e, sobretudo, em uma metodologia que se pauta pela função fundamental da imaginação criadora e que, em consequência, introduz novas questões epistemológicas no campo da criação imagética. O artigo pretende, ainda, ampliar o espectro a que Bachelard se dedicou, o âmbito da literatura, para a fenomenologia da imaginação criadora no campo da imagem fotográfica. O conceito de fenomenologia da imaginação é aqui tomado como o alicerce para a discussão de uma poética da imagem fotográfica. Essa reflexão, de caráter mais teórico, se faz acompanhar de uma experiência prática em fotografia. Tal experiência torna possível afirmar, no nível mesmo da prática fotográfica, a pertinência da conexão do pensamento bachelardiano e de sua concepção de poética no campo fotográfico. Este trabalho julga, assim, contribuir para uma abordagem da imagem fotográfica para além das concepções semióticas, que se afirmam essencialmente sobre a questão do vínculo com o referente.

Palavras-chave: Imagem Fotográfica, Poética, Fenomenologia da Imaginação, Gaston Bachelard.

Medéia

Cadu Fernandes

APRESENTAÇÃO: Medéia é um exercício impulsivo e intuitivo de dramaturgia. O texto foi escrito a partir da minha paixão pela figura de Medéia e pelo teatro grego, de modo geral. Digo impulsivo, pois se construiu, de modo rápido, a fim de servir ao desejo de uma atriz amiga de retornar ao palco, do qual estava afastada. Digo intuitivo, pois veio numa precipitação vulcânica, sem maiores preparos ou pesquisas. Espero que inspire e crie reflexão para quem o leia; que seja um espelho suficientemente bem polido e com a profundidade necessária para uma mirada mais vasta no olhar de quem olha.

Quatro poemas

Sady Bianchin

Poemas inéditos de Sady Bianchin: Espírito de fogo, Ofício, Exílio, Estação final.

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